Datafolha aponta que 64% das pessoas tiveram problemas com consultas.
Realização de exames e prontos-socorros também lideram as queixas.

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (15) pela Associação Paulista de Medicina (APM) mostra que 77% das pessoas que utilizaram os serviços de planos de saúde nos últimos dois anos tiveram algum problema de atendimento no estado de São Paulo. A pesquisa feita pelo Datafolha ouviu 804 pessoas. Cerca de 12,4 milhões pessoas com mais de 18 anos possuem serviços de saúde suplementar em São Paulo. Entre essas, 10 milhões precisaram de atendimento nos últimos 24 meses.

Entre os serviços mais utilizados, 64% dos usuários tiveram problemas com consultas, 40% para a realização de exames, e 72% no atendimento nos prontos-socorros. As queixas mais frequentes dos usuários estão a demora – na marcação de consultas (53%) e exames (24%). A falta de opções de especialistas (20%), hospitais (30%) e laboratórios (24%), assim como o descredenciamento de médicos (30%), também trazem prejuízo ao atendimento dos planos.

Nos prontos-socorros, o local de espera lotado foi um problema enfrentado por 67% dos usuários que precisaram de atendimento de emergência. Entre os que foram internados, 5% tiveram dificuldades para conseguir transferência para um leito em unidades de terapia intensiva.

O levantamento mostra ainda que 15% dos usuários precisaram recorrer ao atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e 9% procuraram médicos particulares porque não conseguiram atendimento no plano de saúde. A pesquisa mostra que 1% dos usuários já recorreu à Justiça. Entre aqueles que têm mais de 60 anos, o índice é maior – 3%.

Reclamações por telefone

Diante da insatisfação dos usuários, a APM apresentou nesta quarta-feira um serviço, em parceria com a ProTeste, que receberá reclamações contra os planos de saúde de todo o Brasil. Quem ligar para o 0800 200 4200 vai receber também esclarecimentos sobre os direitos dos usuários. “A ideia é através desse 0800 coletar dados, transferi-los ao Ministério Público, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para que as providências legais possam ser tomadas”, afirmou o presidente da APM, Florisval Meinão.

Embora tenha elogiado algumas iniciativas da ANS, Meinão, acredita que sejam necessárias mais intervenções do órgão para que os problemas sejam resolvidos.

“A ANS elaborou algumas resoluções procurando disciplinar os papéis. Acho que ela tem fiscalizado [os planos de saúde], tem apresentado algumas punições. Recentemente, ela proibiu a comercialização de planos de saúde de um grande número de operadoras. Este é um primeiro passo de uma agência que ao longo de 10 anos foi omissa. Apresentamos números contundentes. São necessárias novas medidas para que seja resolvido o problema do usuário do plano de saúde”, declarou Meinão.

O promotor Carlos Cézar Barbosa considerou o resultado da pesquisa preocupante e acredita que ela possa ajudar futuramente até mesmo nos trabalhos do Ministério Público. “Acredito que a própria pesquisa pode ser esmiuçada. À medida que conhecemos as empresas e os problemas nós poderemos tomar providências.”

Protesto 

Os médicos prometem voltar a interromper o atendimento aos planos de saúde no dia 6 de setembro. No ano passado, a categoria fez protestos para reivindicar um aumento no valor das consultas repassado aos médicos.

FenaSaúde
Em nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), organização que representa 15 das maiores empresas de planos de saúde do país, informou que as suas afiliadas “trabalham para a constante evolução do atendimento prestado”.

Segundo a federação, em 2011 foram realizadas 111 milhões de consultas por todos os seus planos e que uma pesquisa feita pelo Instituto de Estudos em Saúde Suplementar (IESS), junto com o Data Folha, apontou que 80% dos seus clientes disseram estar satisfeitos.

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