Problemas com pagamento fizeram com que plano perdesse centros médicos. Pacientes tiveram que recorrer à Justiça para manter o atendimento.

Clientes da Unimed Paulistana ficaram sem atendimento porque o plano está perdendo hospitais importantes por falta de pagamento. Pacientes que já estão em tratamento são obrigados a procurar outros centros médicos ou procurar a Justiça.

Cerca de 2 mil segurados que se tratavam no Hospital AC Camargo, um centro de referência em câncer, deixaram de ser atendidos lá. Segundo a direção, a empresa parou de pagar pelo tratamento dos seus clientes e, por isso, foi possível manter somente quem passava por quimioterapia e radioterapia.

Para manter o atendimento, alguns pacientes tiveram que recorrer à Justiça. Marina, de 1 ano, tinha um câncer raro no olho que se espalha rápido. Os exames e a cirurgia foram marcados com urgência, mas, poucos dias antes, a mãe foi avisada de que o hospital não atendia mais o seu plano de saúde. “Quando me ligaram e disseram isso, falei: ‘Meu Deus, o que farei agora? Minha filha está com uma doença grave’”, disse a auxiliar de enfermagem Ana Cristina dos Santos.

Ela teve de contratar uma advogada e conseguiu na Justiça o direito de fazer a cirurgia, e agora precisa continuar o tratamento da filha. “O juiz despachou e deu que se a Unimed não cumprisse com o tratamento da Marina até o fim, pela gravidade da doença, eles pagariam R$ 10 mil por dia de multa.”

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, que regula os planos de saúde, quando um hospital pede para ser descredenciado por falta de pagamento, a operadora apenas precisa garantir atendimento em outra unidade. E os clientes também precisam ser  avisados imediatamente.

Não foi o que aconteceu com o aposentado Henrique Donatelli. “O hospital veio me comunicar, a Unimed não falou nada.” Uma parente dele está internada há 7 meses no Hospital Bandeirantes, por consequência de uma diverticulite. Ele recebeu a notícia de que seria preciso transferir a paciente porque o hospital não atenderia mais a Unimed Paulistana.

O aposentado chegou a receber faturas no valor total de R$ 190 mil caso quisesse que a mulher permanecesse no hospital. “Ela está com o abdômen aberto, bolsa de colonoscopia, na UTI. Não dá simplesmente para transferir.”

A alternativa também foi entrar na Justiça. A juíza primeiro determinou que a operadora pagasse todas as despesas e mantivesse a paciente no Bandeirantes. Na quinta-feira (11), outra liminar pediu que ela seja transferida. A advogada da família tenta mudar essa decisão.

Os hospitais Bandeirantes e AC Camargo confirmaram que encerraram contrato com a Unimed Paulistana por problemas de pagamento, mas disseram que estão prestando assistência aos pacientes, e providenciando remoções.

A Unimed Paulistana respondeu que negociações entre operadoras e hospitais são comuns e que esses processos são comunicados à ANS e aos clientes. Segundo a operadora, a rede credenciada é capaz de absorver os atendimentos, e a menina Marina tem outros prestadores de serviço à disposição. Sobre a parente do aposentado Henrique, a empresa disse que um médico atestou a possibilidade de remoção da UTI sem risco.

A ANS informou que a Unimed Paulistana está sob intervenção da agência. Ela acrescentou que há hoje 26 planos com as vendas suspensas por causa do excesso de queixas dos clientes.

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