Expectativa é de reajustes menores e de redução em número de hospitais e médicos credenciados

Uma semana depois do anúncio pela Amil , a maior operadora do país, avisar que descredenciará 17 hospitais   por divergências em relação à forma de pagamento, ainda há muitas dúvidas sobre qual será o impacto dessas mudanças para os usuários de planos de saúde.

Segundo os especialistas, o modelo de pagamento atual na relação entre operadoras e hospitais pode criar desperdícios, o que tem impacto no custo e vai refletir no valor final pago pelo consumidor.

Mas não é só. No mundo inteiro a tendência é de redução pelas operadoras do número de hospitais , ambulatório e médicos credenciados. São menos estabelecimentos, mas há maior articulação entre os prestadores de serviços dentro de um novo modelo de atendimento que privilegia a medicina preventiva.

As mudanças que estão sendo implementadas podem diminuir a pressão sobre os aumentos dos planos de saúde. Por outro lado, com o aumento das redes próprias de atendimento, há  risco de ingerência das operadoras sobre o tratamento dos pacientes.

O impacto para os usuários de planos de saúde

A mudança no modelo de remuneração dos hospitais pelas operadoras pode levar a alguma alteração no pagamento do meu plano de saúde?

Não. A forma de as operadoras pagarem os prestadores de serviços não está relacionada ao modelo de pagamento dos consumidores.

Essa mudança pode reduzir ou aumentar o quanto eu pago pelo plano de saúde?

As operadoras afirmam que ao reduzir desperdícios, com a mudança de modelo de pagamento, os reajustes serão menores. Alguns dizem até que esse efeito poderia ser sentido em um ano. No entanto, nenhuma empresa informou quanto conseguiu economizar e qual foi o efeito na atenção à saúde naqueles prestadores de serviço que já adotaram novas formas de remuneração.

O número de médicos, hospitais e clínicas credenciados no meu plano pode diminuir?

Os especialistas avaliam que deve haver uma redução na rede credenciada. Esse movimento vem acontecendo no mundo inteiro e tem relação com a transformação na forma de assistência. Com o foco em medicina preventiva e cuidado coordenado, as operadoras tendem a investir em uma rede menor, mas com unidades mais articuladas. Isto quer dizer que trocam mais informação entre elas.

Uma rede menor é uma má notícia para o beneficiário?

Para os especialistas, não necessariamente uma oferta de rede menor é prejudicial ao consumidor. Mas é preciso respeitar o contrato e não restringir a escolha. No entanto, há uma maior preocupação de que, com o investimento de operadoras em redes de assistências próprias, ambulatoriais, laboratoriais e hospitalares, haja interferência das empresas na conduta médica.

Como garantir que seja adotada a melhor conduta médica e não a de menor custo?

A adoção de indicadores de qualidade e transparência nas informações é o que defendem os especialistas para garantir que está sendo dada a melhor assistência aos usuários de plano de saúde.

Era necessário, de fato, mudar a forma de pagamento dos prestadores de serviço ou essa é só uma manobra para as operadoras terem mais lucro?

Há consenso entre especialistas de todo o mundo de que o modelo hegemônico de pagamento, o fee for services , que remunera por procedimento, não é o ideal. A própria Organização Mundial para a Saúde (OMS) já divulgou relatório em que aponta que esse modelo estimula desperdício e aumenta custos. Segundo os especialistas, além de uso excessivo, o pagamento por serviços não promove a melhor assistência.

Se a adoção de um novo modelo é tão importante para o setor, por que a maioria dos pagamentos ainda  é feita por serviço?

Segundo os especialistas, é necessário um convencimento dos prestadores de serviços pelas operadoras e também vencer a desconfiança de que uma nova forma de pagamento necessariamente seria desvantajosa para uma das partes. A transparência das informações, dizem os especialistas, é fundamental para ultrapassar essa barreira.

De que forma a mudança de modelo pode alterar a qualidade do atendimento ao paciente?

Muitos modelos de remuneração que vêm sendo implementados relacionam parte do pagamento ao desfecho clínico do paciente. Em alguns casos, o pagamento responsabiliza os prestadores, inclusive, a intercorrência que aquele paciente venha a ter depois de 30 a 90 dias do procedimento. Na visão das operadoras isso estimula que os prestadores atuem da forma mais eficiente e eficaz para a solução do problema do paciente.

Fonte: O Globo

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